terça-feira, 31 de julho de 2007

infância

se me dissessem há algum tempo que as minhas relações profissionais podem espelhar a forma como, criança, me relacionava com meus pais, mandaria o orador à merda. recentemente cheguei à conclusão de que, sem dar-me conta, atribuía à relação com meu chefe tintas do relacionamento com meu pai. a partir do momento em que coloquei atenção nisso, mudou a forma como vejo o trabalho. faz pouco tive provas de que fui indecentemente enganado por meu chefe. não chorei como a criança que tem o reconhecimento negado pelo pai. foram lágrimas adultas por haver acreditado num grandesíssimo filho da puta.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

medo

minha cura passa por ter medo. e admiti-lo. uma das idéias que me persegue é a de que a liberdade só existe quando se é destemido. contrariamente, quanto mais medo sinto, mais livre sou.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

exegese

estou mais atento às verdades que tive um dia e que vêm à tona embora já não correspondam à realidade. o post anterior tem algumas delas.
é mentira que confio em pouquíssimas pessoas. confio em muita gente. em graus diferentes, mas são bastantes aqueles que têm a minha confiança.
é verdade que me aturde a idéia de que viver o meu desejo pode conduzir à perda do amor desses em quem confio. se essa idéia tem um lado positivo, seguramente não é o de fazer-me confiar mais.
é mentira que ache que se confio em muita gente, as perdas que advenham, e essas virão, podem ser contrabalançadas. é como pensar que amar a muitos me poupará de sofrer pela perda de um amor verdadeiro.
é verdade que quanto mais confio, mais interdependente me vejo.
e é mais verdadeiro ainda que saber-me assim enche o meu coração e o meu corpo de alegria.

terça-feira, 24 de julho de 2007

microcosmo

confio em pouquíssimas pessoas. me aturde a idéia de que viver o meu desejo pode conduzir à perda do amor desses em quem confio. essa idéia talvez tenha um lado positivo. fazer-me confiar mais. se confio em muita gente, as perdas que advenham, e essas virão, podem ser contrabalançadas. quanto mais confio, mais interdependente sou. e saber-me assim enche o meu coração e o meu corpo de alegria.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

pessimismo

o pessimismo que por vezes me assalta é uma forma de não fazer-me responsável pelas minhas escolhas. naquele mundo de fantasia, imagino que meu chefe se zanga comigo, me dá um esporro, eu respondo à altura, resolvo que não há mais clima para continuar trabalhando com ele, e vou viver na Índia por uns tempos. nessa história, sou vítima das circunstâncias, e não há forma de perder o apreço dos demais. o desejo real é mandar os avanços na carreira à merda e zarpar para a Índia para viver por lá. nesse caso, a desgraça anunciada é a forma pela qual consigo viver a liberdade. mas até o meu pessimismo é prudente...

quarta-feira, 11 de julho de 2007

independência

se decido que o valor que dou a mim mesmo é o mesmo valor que tu me dás, fico em péssimos lençóis. Significa que no dia em que não me vires, tampouco terei olhos para mim. O que acho dependerá do que pensas. Como sou dependerá do que queres. Já estive aí, e me custou muitas lágrimas sair desse lugar.

terça-feira, 10 de julho de 2007

corda bamba

Ando na corda bamba com a segurança de um artista de circo. Pouco vejo à frente. Dois palmos de visão e, mais adiante, tudo é neblina. Uma névoa densa que faz com que a minha atenção se restrinja ao momento e ao movimento imediatos. Nessa caminhada, expansão e tensão são forças convergentes. São elas que me fazem ser inteiro.

bicicleta

Em outro momento da minha vida, o que ocorreu ontem tardaria a curar-se. Mais que isso, seria o início de um mergulho num espaço paralelo de tristeza e melancolia, de onde esperaria ser resgatado por um pai amoroso. Hoje, embora tenha criado dentro de mim esse super-herói pronto a ajudar, a frustração assume o seu devido lugar. Já não faço birra se o presente que espero ver na árvore de natal não é a tão sonhada bicicleta.

polaridades

Estruturei a vida em polaridades: força e debilidade, macho e fêmea, feminino e masculino, controle e abandono. Pensava que a existência só era possível nos extremos. Hoje me dou conta de que posso localizar-me em qualquer ponto do espectro. Percebo que da combinação de ambas as forças, nasce uma nova, que me faz íntegro e único, e é o meu motor.