terça-feira, 18 de setembro de 2007

vaticínio

racionalmente, sempre rejeitei a insistência com que minha mãe dizia que tinha medo de que eu sofresse do mesmo mal que meu pai. inconscientemente, sempre achei que ser igual a ele, era ser indefeso, fraco, feminino, doente. me dividia entre cumprir os desígnios de minha mãe e ser fiel à memória de meu pai, adoecendo. hoje vi que desse pai saco a força para viver, a verve e a inteligência, a potência, a masculinidade. as palavras de minha mãe perdem a força de profecia. passam a ser uma possibilidade. é alentador saber que depende de mim que os vaticínios se tornem realidade.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

declaração

comecei a amar você de verdade quando me dei conta de que jamais teria preenchido por você o que me faltou do meu pai. só me foi possível ver o quão maravilhoso você é quando percebi que não posso confundir você com ele. o que faltou dele, seguirá faltando. o que vem de você é tanto que por ora sobra.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

presente

o presente é o pequeno instante entre o que já foi e o que ainda está por ser. se você consegue vê-lo, já é passado. se ainda não se pode notar, é futuro. a vida é feita da soma desses pequenos instantes. é construída naquele momento exato. o que veio antes não pode ser mudado. o que está por vir é promessa ou esperança. o que temos de real é exatamente aquilo ali. paradoxalmente, é a realidade o que sempre deixamos escapar. sempre em nome do que já foi ou do que ainda não é e pode jamais chegar a ser.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

filosofia


a fruta-do-conde é a prova viva de que deus existe. por haver inventado algo com um sabor natural tão sofisticado e por dar ao ser humano a possibilidade de experienciar esse sabor.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

a raiva

por muitos anos da minha vida não sabia o que sentia. quando comecei a me dar conta do que sentia, não sabia como expressá-lo. meus sentimentos vinham de forma convulsiva, e colocá-los para fora era sempre feito de forma atabalhoada, em espasmos, descontroladamente. pouco a pouco, expressar-me foi se transformando em algo normal. em meu ideal de perfeição, somente pude aprender a dar vazão aos sentimentos ditos nobres. como resultado, a expressão do que sinto ainda não é fluida com relação à raiva. antes a transformava em ironia. a ironia me livrava da responsabilidade pelo que dizia. sempre podia afirmar que se tratava de uma brincadeira. houve grande evolução. agora, a expressão da raiva sai aos borbotões. chegará um dia em que dizer te odeio terá o mesmo peso que dizer te amo.